18 de outubro de 2011

o que faz de uma casa um lar?


Parece que em nenhum outro lugar do mundo somos tão bem-vindos e nos sentimos tão reconfortados quanto em nossa morada. E realmente é nela que retomamos o contato com o nosso eu mais autêntico, que estava escondido nos bastidores esperando só que o dia acabasse. É na sua privacidade que você pode se jogar no sofá, estender as pernas e, por uns instantes, dar as costas para o mundo.

Abrigo para o corpo

As casas se tornaram o lugar que nos protege do ambiente em que vivemos: é lá que estamos seguros, resguardados do frio, da chuva... Mas o conceito de casa como conhecemos hoje surgiu no Império Romano, com as construções de madeira e barro.
 
Um dos maiores arquitetos desse período, o romano Marco Vitrúvio foi o primeiro a teorizar sobre a essência da casa. Para ele, ela estava justamente na lareira, cujo fogo era o elemento inseparável das cabanas rústicas. Em seu tratado De Architectura, ele relata que "com o fogo surgiram entre os homens as reuniões, as assembleias e a vida em comum". E também a convivência doméstica. "A palavra lar é uma corruptela de lareira. Tem a ver com o conceito do fogo de unir ao seu redor todos os integrantes de um laço familiar, sendo, de modo figurativo, um manto que aquece, aproxima e protege todos os seus integrantes", afirma Jorge Marão Miguel, diretor do Centro de Tecnologia e Urbanismo da Universidade Estadual de Londrina.

Refúgio para a alma

Essa proteção pura e simples ganhou uma relação afetuosa com o passar dos séculos. Saber que temos onde morar, deixar nossos pertences e viver nossa vida íntima nos dá uma segurança tremenda. Porque a moradia representa o controle que temos sobre nossa vida privada. É a proteção da nossa incerteza da existência, como dizia Sigmund Freud.

Outro ramo da psicologia, a psicologia ambiental, defende que ao mesmo tempo que o homem modifica o meio, é também modificado e influenciado por ele. Dessa forma, a casa em que vivemos tem um papel importante no desenvolvimento de nossa personalidade. Ela é a extensão do nosso "eu". "As primeiras impressões afetivas de um indivíduo surgem na infância, geralmente no lar, que é o lugar em que passamos mais tempo quando somos bebês. Por isso o conceito de lar está tão ligado à família em nossa mente", diz Zenith Delabrida, do Laboratório de Psicologia Ambiental da Universidade de Brasília.

Onde mora o afeto

Mas por que será que é só na nossa casa que temos a sensação de conforto absoluto? O filósofo Alain de Botton nos dá a pista. No livro A Arquitetura da Felicidade, defende que o lar reflete nossa personalidade, é ele o guardião da nossa identidade. É dentro da nossa própria morada que podemos vivenciar todas as nossas convicções, reafirmar nossos valores.
O lar, assim, pode ser qualquer lugar, desde que ele seja um espelho de nós mesmos.  

fonte : revista Vida Simples 

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